Após ganhar indenização milionária, empresa do delator que fez Luiz Castro ‘cair’, não paga funcionários




“Estamos há três meses sem salário. Nós devemos nos postos de gasolina, o comércio não quer vender nem mais um ovo para gente passar o natal”, revela Humberto Lomas, motorista de uma terceirizada da Dantas Transporte, do Francisco Dantas. O empresário que denunciou um esquema de corrupção no Estado e levou Luiz Castro a pedir demissão, em agosto, do cargo de secretário, mas depois disse que mentiu.

Após o escândalo da Dantas, a empresa continuou recebendo valores milionários do governo estadual. Conforme o Portal da Transparência do Amazonas, a empresa do delator arrependido vai receber R$ 8.177.313,20, em indenizações, segundo a Nota de Emprenho nº 2019NE06568, publicada em novembro.


Empresa milionária e empregados sem receber

Ainda de acordo com o documento, o dinheiro é referente ao pagamento de uma “indenização pelos serviços prestados, de transporte escolar, que atendeu as necessidades dos alunos das escolas da Rede Estadual de Ensino, localizadas no Estado do Amazonas”, durante todo o mês de outubro.

O problema é que o dinheiro não chegou para os quase 80 motoristas da FC transportes, empresa de Manacapuru, terceirizada pela Dantas Transporte. Essa não é a primeira vez que a categoria fica sem receber o salário, em 2019, e agora, com três meses de atraso, não têm dinheiro nem para “o café da manhã, imagina para a ceia de natal”, diz Humberto Lomas, mais conhecido como Betão.

“É só cobrança chegando, já tive que negociar a minha ‘luz’ para não cortarem e fica difícil porque ainda estou quitando o meu ônibus”, explica Lomas. O motorista diz que nem ele e nem os colegas querem chegar ao ponto de fazer uma manifestação, mas que estão sem ouvir qualquer tipo de satisfação da empresa terceirizada ou mesmo da Dantas.

Sem previsão

“Queremos resolver numa boa. A gente poderia pegar uns três ônibus, trancar uma rua e já pararia a cidade, porque Manacapuru é pequena, mas não queremos chegar a esse ponto. O problema é que o ano letivo acabou e até agora não temos nem uma previsão de quando vai sair o nosso dinheiro”, diz Lomas.

A reportagem tentou entrar em contato com a terceirizada, por meio do telefone da empresa, mas não foi atendida.

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